Quarto do Luke Cohen e Peter Windor

Porque é que estava a ser tão bom beijá-lo sóbria? Quer dizer, eu já tinha gostado quando estávamos os dois alegres, mas agora..eu estava a sentir mais do que nunca que ambos queríamos aquilo, e sinceramente, nem sabia se era uma coisa boa ou má. Não queria estragar a nossa amizade caso algum se arrependesse, se bem que falando por mim, tinha a certeza de que não me ia arrepender. Encostei a minha testa à sua quando os seus lábios se separaram dos meus para ambos podermos respirar, mas logo voltei a colar a minha boca na sua, sentindo de novo aquela vontade avassaladora de o beijar percorrer-me o corpo. Apertei ligeiramente o seu cabelo nas minhas mãos, chegando-me o mais que consegui para ele, e senti o meu corpo arrepiar-se só com o seu toque.

Assim que percebi que eu próprio estava a ir longe de mais, abri os olhos abrandando o beijo e comecei a afastar-me um bocadinho enquanto a olhava. Ela era minha amiga, mas a atração entre nos os dois já era óbvia. - Desculpa - murmurei enquanto olhava os seus olhos. - sou impulsivo - disse baixinho passando os dedos pela mão dela distraidamente.

Como seria de esperar, o que é bom acaba depressa e por isso, ao fim de algum tempo, os lábios de Peter começaram a separar-se dos meus. Abri os olhos devagainho, soltando um suspiro involuntário à medida que o sentia afastar-se de mim também. Era óbvio que isto ia acontecer, eu tinha ido longe demais. Mordisquei a parte de dentro da minha bochecha olhando para ele e assim que me pediu desculpa, eu abanei a cabeça.
- Não tens de pedir desculpa.- murmurei, forçando um sorriso.- eu é que devia ter tido mais cuidado.- encolhi os ombros, afastando-me mais um bocadinho.- não queria abusar, desculpa.

Não queria que ela se fosse embora depois disto, já tínhamos feito coisas piores no meio de uma discoteca, ali só havia o problema de estarmos sozinhos e do meu auto-controlo ser bastante grande - Tu tiveste cuidado - disse com um sorriso abanando a cabeça quando me pediu desculpas.- Sabias que foste a segunda rapariga a quem eu beijei? - perguntei baixinho.

Limitei-me a assentir juntamente com um pequeno encolher de ombros quando ele disse que eu tinha tido cuidado. Eu só esperava que ele não se arrependesse ou se lembrasse que era melhor afastarmo-nos antes que começássemos a confundir as coisas, porque ele era o único amigo que eu tinha ali e sinceramente, não me apetecia nada ficar sem ele por causa disto. Ajeitei a almofada debaixo da minha cabeça, continuando virada para ele e levantei ligeiramente as sobrancelhas com a sua pergunta.
- Sinto-me bastante lisonjeada por saber Kenzinho.- sorri, semicerrando depois os olhos.- aposto que a primeira foi uma princesa toda jeitosa.

Ri-me quando falou na primeira pessoa que tinha falado e encolhi os ombros fazendo depois uma careta enquanto mordia o lábio -essa pessoa é uma princesa sim - assenti - e foi a minha prima - ri-me - tinha quatro anos, mas lembro-me como se tivesse sido ontem - brinquei olhando para a mão dela com que eu brincava.

Fiz cara de má quando se riu do que eu tinha dito, mas logo voltei ao meu normal, se é que se podia chamar assim, quando percebi que ia falar. Fiquei a ouvi-lo, muito caladinha, acabando mesmo por soltar uma pequena gargalhada com o que disse.
- As meninas eram assim tão feias que te viste obrigado a beijar a tua prima ou ela é assim tão bonita que não resististe? - perguntei, na brincadeira. Acabei por me chegar de novo para ele, encostando a cabeça no seu ombro e mordisquei o lábio ao lembrar-me de algo.- então..isso quer dizer que eu fui a primeira rapariga a quem tu deste um beijo a sério? - perguntei baixinho, descendo o olhar até às nossas mãos.

Mordi o interior da bochecha um bocado envergonhado e olhei para a parede e depois para ela antes de lhe explicar. - Eu andei num colégio militar, só tinha rapazes - revirei os olhos e desci os olhos para as nossas mãos assentindo com a cabeça. - Foi - murmurei evitando olha-la antes que parecesse um tomate, não era propriamente normal um rapaz nunca ter estado com uma rapariga.

- Ah, assim está tudo explicado.- disse, assim que ele me explicou que tinha andado num colégio militar e logo fiz uma careta, estava mais do que óbvio que tudo o que ele menos tinha era liberdade, ou pelo menos era o que parecia.- mas aposto que a tua prima não se importou.- brinquei, para ver se ele não ficava tão envergonhado e estiquei-me até lhe beijar a bochecha.- porque eu também não me importei nada.- completei, voltando a deitar-me muito coladinha a ele e com a mão livre, comecei a fazer-lhe festinhas no cabelo.- e não tem mal nenhum eu ter sido a primeira.- murmurei.- ao menos beijaste uma rapariga toda gira.- disse com um ar todo convencido, apesar de estar a brincar.

Levantei o olhar para os dela e fiz uma careta - e nada convencida - disse o que ela normalmente me dizia e passei a mão pela sua com um sorriso. - eu ando no meu primeiro ano da universidade e ainda não tive uma única namorado, eu tenho muito por que envergonhar - disse virando-me para cima - e tenho que achar o meu irmão.

- Convencida? - fingi-me de chocada, olhando para ele.- eu? - apontei com um dedo da mão livre para mim.- impossível.- ri-me baixinho, puxando as mantas dele para cima das minhas pernas quando comecei a ficar com um bocadinho de frio e depois voltei a olhá-lo, juntando as sobrancelhas com as coisas que ele dizia.- não tens de te envergonhar por isso.- disse, encostando a minha cabeça no seu peito.- só quer dizer que a pessoa certa ainda não chegou.- encolhi os ombros.- era muito pior se fosses um engatatão e andasses por aí a meter-te com todas as raparigas.- murmurei, fazendo uma pequena careta. Levantei o olhar para ele assim que o ouvi falar no seu irmão e pousei o meu queixo no seu peito, esticando-me até lhe dar um beijinho inocente no queixo.- eu ajudo-te a encontrá-lo.

Olhei para a sua pele arrepiada puxando a manta também para cima de mim fazendo-a ficar mais tapadinha. Sorri por ela ser tão "simpática" em relação a isso e abanei a cabeça - Não tenho muito jeito para isso visto que mal me dou com raparigas da minha idade - disse virando-me para cima - mas esquece, não vale a pena pensar nisso. - olhei-a quando me beijou o queixo e sorri com o que disse - Obrigado. Eu não sei como o vamos encontrar, mas nós vamos. -sorri levemente.

Voltei a deitar a cabeça na almofada, sorrindo quando o senti puxar as mantas mais para cima de mim e depois, virei o olhar na sua direcção.
- Agora dás-te comigo.- encolhi os ombros, reprimindo a vontade que tinha de fazer uma careta, por alguma razão, o que ia dizer a seguir não me agradava mesmo nada.- se quiseres posso tentar arranjar-te alguém.- murmurei, baixando o olhar para as cobertas durante uns segundos.- posso ajudar-te no que toca às raparigas, se quiseres.- voltei a encolher os ombros e depois, obriguei-me a sorrir por causa do que ele disse sobre o seu irmão.- não sabes nada dele? - perguntei.- não tens nenhuns dados sobre ele? Algo que nos ajude a procurar melhor?

Sorri e fiquei a olha-la levantando a sobrancelha quando disse que me podia ajudar no que tocava a raparigas. Abanei a cabeça - não - ri-me - não te preocupes com isso, eu desenrasco-me - disse - também não vi para aqui para isso - encolhi os ombros e sorri abanando a cabeça - ele é mais velho que eu um ano - comecei a dizer - por isso deve andar por aqui, ele não foi o único a ser raptado naquele hospital e nesse ano o lar das criancinhas aqui, segundo as datas e os números que vimos, ficou cheio de bebés de um momento para o outro, que apareceram em cestos - encolhi os ombros - nós fizemos várias junções da cara do meu pai e da minha mãe - fiz uma careta - tu sabes, aquelas coisas que fazem para investigar pessoas desaparecidas passado muito tempo. - encolhi os ombros - a minha mãe disse que ele devia ser muito mais loiro que eu e os olhos dele eram azuis, mas o mais importante é que tem como um sinal de nascença. - calei-me antes que a assustasse com tanta informação.

Limitei-me apenas a assentir quando ele recusou a minha ajuda. Era óbvio que ele se desenrascava, era lindo, simpático e tratava as raparigas como elas mereciam ser tratadas, quem é que não ia querer estar com ele? Soltei um suspiro baixinho, decidindo não me concentrar naquele tipo de pensamentos e concentrei-me sim nas coisas que ele me começou a contar sobre o seu irmão. Levantei ligeiramente as sobrancelhas quando disse que o seu irmão tinha sido raptado, mas não fiz nenhum tipo de comentário, deixando que continuasse a falar. Voltei a assentir quando disse que o seu irmão deveria ser loiro e ter os olhos azuis e anotei aqueles aspectos mentalmente, apesar de existirem montes de rapazes com aquelas características.
- Isto não vai ser lá muito fácil.- confessei, mordiscando o meu lábio inferior, mas logo subi o olhar para ele.- uma marca de nascença? - perguntei, de sobrancelhas levantadas mais uma vez.- podes mostrar-ma?

Assenti com a cabeça - eu sei - disse passando os dedos pelos seus e fechei os olhos quando me comecei a sentir mais mole, normalmente dormia bastante e agora não andava a dormir tanto como antes. Sorri ao ouvir a sua pergunta e sentei-me na cama - posso, mas não é nada de especial - tirei as meias e apontei para o meu pé - ele tem algures por aqui também, foi o que a minha mãe disse.

Entrelacei ligeiramente os meus dedos nos seus quando os senti tocarem-me e sorri ligeiramente, tendo depois de me afastar quando percebi que ele me ia mostrar a sua marca. Sentei-me na cama, tentando controlar a minha curiosidade, e assim que ele tirou a meia eu olhei para a sua marca, sorrindo.
- E eu a pensar que quem tinha um pé de princesa era eu.- brinquei e debrucei-me, passando as pontinhas dos dedos pela mesma.- algo me diz que vamos ter de andar a descalçar todos os rapazes do colégio.- ri-me.

Ri-me assentindo - eu tenho pés de princesa - o meu pé era pequeno, porque eu também não era muito gigante. Voltei a puxar a meia para cima e deitei-me - eu já andei pela piscina, mas estive a pensar e se calhar ele pode não ser um alfa, pode ser um beta ou um kappa como tu. Por isso a única coisa que me ocorre é mesmo pôr um anúncio no jornal.- ri-me.

Ri-me quando ele concordou e voltei a deitar-me, esperando que ele também se deitasse para me voltar a chegar para ao pé dele.
- És uma princesinha.- murmurei em tom de gozo e estiquei-me para lhe dar um beijinho na bochecha, para que não me levasse a sério e ainda ficasse chateado. Deitei a cabeça de novo na almofada, puxando as mantas para cima de nós e fiquei a ouvi-lo falar.- sim, ele pode ser de qualquer república.- concordei, olhando-o.- se calhar essa ideia de meter no jornal não é tão má assim.- encolhi os ombros.- pode ser que alguma alma caridosa nos ajude ou então que, por milagre, o teu irmão apareça mesmo, depois de ver a notícia.- sorri levemente.- se quiseres podemos ir tratar isso amanhã.

Revirei os olhos quando me chamou de princesinha mas nem disse nada deixando que ela gozasse comigo à vontade, a maior parte das pessoas tinha tanto medo que aquilo vindo dela até era divertido - vou pôr nos jornais que estou à procura do meu irmão que tem uma marca no pé e aparecem pessoas que só querem o nosso dinheiro enquanto o verdadeiro podia nem ver. - encolhi os ombros - mas posso tentar.

Sorri inocentemente quando o vi revirar os olhos, mas não disse nada, deixando-me estar encostada a ele enquanto o ouvia falar.
- Não perdes nada em tentar.- murmurei, encolhendo ligeiramente os ombros.- perdes mais se não tentares fazer nada.- subi o olhar para ele, sorrindo ligeiramente.- e se essa ideia não resultar, nós tentamos todas as que forem precisas até encontrarmos o teu irmão.- estiquei-me até lhe beijar a bochecha.- não vamos desistir.

Assenti ao que ela disse, era verdade, mais valia aguentar com os falsos do que não fazer nada e não encontrar o meu irmão. Olhei Brianna e sorri-lhe deitando-me de barriga para cima na cama - tens razão - murmurei - vou fazer isso, amanhã falo com um jornal e peço para o espalharem por aí - tinha a noção de que a minha mãe não ia gostar nada disto, mas ela agora não está aqui.

- Claro que tenho razão.- disse com um ar todo convencido quando concordou comigo, mas logo sorri, assentindo ao que disse depois.- e eu vou contigo, mesmo que não queiras.- encolhi os ombros.- quero ajudar-te em tudo o que conseguir.- sorri levemente e depois olhei em volta, vendo que estava a escurecer quando o meu olhar pousou na sua janela.- se calhar é melhor eu ir embora.- murmurei com um suspiro, mordiscando o meu lábio inferior.- tu queres dormir e eu já estou a abusar da minha sorte.

-Obrigado - disse com um sorriso por toda a ajuda. Apesar de não saber como é que o meu futuro irmão ia reagir à notícia, quando soubesse que tinha um casamento arranjado, queria encontra-lo, não para ser eu a fugir a essa "tradição" da minha mãe, mas para o conhecer. Nasci e fui criado com toda a gente a falar dele, apesar de no início ter certos ciúmes, agora queria ver como é que ele era. Voltei dos meus pensamentos quando Bri falou dizendo que ia embora. Sentei-me na cama olhando para o quarto, vendo que já estava escuro e mordi o interior da bochecha. - Eu não consigo deitar-me assim tão cedo, e não estás a abusar em nada - disse para a deixar descansada - mas eu levo-te.

- Não agradeças, não precisas sequer, eu faço isto porque sou tua amiga.- murmurei, com um pequeno encolher de ombros e com um sorriso e olhei-o assim que se sentou, soltando um pequeno suspiro, tudo o que menos me apetecia era ter de ir embora, mas eu sabia que era melhor.- eu só estou a dizer isto porque está tão quentinho aqui e estou tão bem que ainda adormeço.- sorri sem vontade.- não quero arranjar-te problemas.- encolhi os ombros e assim que o ouvi dizer que me levava, abanei a cabeça.- nem penses, não precisas de sair do teu quarto, a minha república é já ali, eu dou uma corridinha e chego lá num instante.- ri-me.- não te vais incomodar por minha causa.- semicerrei-lhe os olhos.