Sala de aula de Economia

Após uns dias naquela escola, descobri que me podia inscrever em aulas extra-curriculares. Não me tardei em ir para italiano, algo que sempre quis tentar. As aulas ainda mal tinham começado por isso consegui inscrever-me a tempo. Naquele dia ia para a minha primeira aula, que já era a segunda do ano. Entrei silenciosamente, cumprimentei a nova professora, e sentei-me numa das cadeiras, ouvindo o discurso enquanto olhava os estudantes à minha volta.

Já tinha tido um ano de italiano, mas eu gostava mesmo daquilo e decidi inscrever-me nas aulas extra-curriculares. Entrei para a aula e cumprimentei a professora presente como todos os outros alunos fizeram e acabei por me sentar, abrindo o caderno e tirando uma caneta.

Só passado uma meia hora é que percebi que todos os alunos estavam a anotar coisas no seu bloco de notas menos eu. Abri o meu caderno e procurei uma caneta na mochila, sem sucesso. Entretanto, sentara-se uma rapariga loira bonita ao meu lado. Não tive outra opção: - Desculpa, tens uma caneta que me emprestes? - pedi.

Estava concentrada no que a professora estava a dizer e um rapaz interrompeu-me a concentração, pedindo-me uma caneta. - Se faz favor. - acabei a frase dele. Tirei uma caneta azul do bolso, cor de rosa e entreguei-lhe.

Soltei uma gargalhada cínica. Lol, se faz favor, imitei a voz dela dentro da minha cabeça. Olhei indignado para a cor da caneta, mas não disse nada. Limitei-me a riscar uma folha para ver se escrevia. Quando o confirmei, levantei novamente a cabeça e fiz um sorriso forçado para a rapariga.

Este devia ter a mania só pode. Fiz-lhe um sorriso meio amarelo, coisa que tinha dado para perceber e voltei a tomar atenção ao que a professora dizia. Tinha chegado a pouco tempo e ainda tinha de aturar este.

Continuei a ouvir a aula enquanto fazia desenhos no caderno. Ainda aprendi uma palavra ou duas, o mais que consegui reter quando não estava a pensar numa boazona que estava la fora há uns minutos. Mas ouvi claramente quando a mulher falou em trabalhos a pares. Olhei em redor e observei os vários pares a juntarem-se. Não conhecia ninguém, por isso não pedi nenhum par, com sorte sobrava eu e ficava sozinho.

Assim que ouvi trabalho a pares, fiquei feita parva a olhar para a professora, eu não conhecia ninguém. Por isso esperei que todos se juntassem para ficar sozinha a fazer o trabalho, mas quando olhei em volta só faltava eu e o rapaz atrasado que estava ao meu lado.

Quando finalmente percebi que todos estavam a pares fiz um sorriso orgulhoso e preparei-me para levantar o braço, para avisar a professora que tinha ficado sozinho. Isso até perceber que a loira ao meu lado estava a olhar para mim. Fiz uma careta e abanei a cabeça, levantando o braço na mesma - Professora, só sobrei eu - menti, esperando que ela alinhasse.

Boa, parecia que ele tinha o mesmo pensamento que eu. Fiquei calada à espera que a professora o autoriza-se a ficar sozinho e assim eu também ficava. - E a Savannah? - perguntou ela. - Ahm... eu também... - acabei por dizer. - Mas posso ficar sozinha. - disse logo.

Implorei mentalmente para ela nos deixar ficar cada um por si. Infelizmente, não tive resultado. Bufei e olhei para ela - Sorte a tua, hã? - ironizei e sorri cinicamente.

Sorri cinicamente. A professora deu a aula por terminada pouco depois. - Quando estás a pensar fazer o trabalho? - perguntei-lhe diretamente.

A professora começou a falar e eu precisava de ouvir. - Tá calada, pera - mandei, fazendo um gesto de silêncio. A senhora queria que fizessemos um trabalho sobre uma cidade italiana à nossa escolha. Finalmente, voltei a olhar para a loira - Pronto, aqui temos o tema.

Suspirei quando me mandou calar. - Já me podes responder à pergunta que te fiz? - perguntei-lhe olhando para ele com cara de poucos amigos.

Parei uns segundos para pensar. - Não sei, tens alguma ideia? - perguntei, enquanto arrumava o meu caderno na mochila.

Encolhi os ombros sem ter a mínima ideia. - Não faço ideia, quando quiseres é só disseres. - acabei por murmurar.

Suspirei. Ainda por cima não se sabia decidir - Vá, estou a deixar-te escolher, dá lá o raio duma cidade! - resmunguei, revirando os olhos. Olhei em volta, vendo como todos os pares pareciam cooperar, menos nós.

Revirei os olhos assim como ele fez para mim, estava a começar a passar-me com ele. - Escolhe tu, não quero saber disso para nada. - resmunguei. - Escolhe lá isso para me ir embora. - acabei por dizer.

Porra, que cabra. Nunca mais tentaria ser cavalheiro com ela. - És assim tão loira burra que nunca ouviste falar em nenhuma cidade italiana? - ofendi e cruzei os braços, olhando para cima - Temos Florença. Veneza. Pisa. Roma. Nápoles. Sei lá! - enumerei.

Levantei-me passada com ele. - Burro és tu, idiota! - resmunguei alto para os que os alunos que ainda ali estavam pudessem ouvir. Virei-lhe costas e desapareci para o corredor.

Suspirei em voz alta, percebendo que os meus colegas olhavam agora todos para onde eu estava sentado. Virei a cabeça para a mesa, ignorando-os, e folheei o caderno dela. Tantas cidades. Aposto que ela as sabia, e só me queria irritar. Peguei nas minhas coisas e arrumei com toda a força a cadeira, causando um estrondo. Virei novamente costas aos olhares e virei na mesma direcção da loira, tentando apanhá-la.