Rio Mississipi

- Vamos passear. - disse simplesmente ao mesmo tempo que agarrei na mão do Riley para o puxar dali para fora. Não sabia muito bem para onde ir por isso continuei a andar e puxá-lo para que me seguisse. Tinha era de o afastar o mais possível da universidade para ver se ele esquecia todos os problemas. Sorri quando chegámos ao pé do rio e puxei o Riley para que nos sentássemos num banquinho - Podemos ficar aqui um bocado.

Fiz uma careta passando as mãos pela cabeça, ela até doía com a raiva que estava a sentir. Nem era bem do treinador era mais de mim. Se calhar ele tinha razão, não era bom o suficiente. Agora os outros deviam estar a rir-se todos nas minhas costas. Antes nas minhas costas do que na minha cara ou eles iam ter problemas. Perdi o meu raciocinio quando Charlotte falou e olhei para o rio, onde eu até costumava ir muitas vezes para relaxar. Assenti com a cabeça apertando-lhe a mão - Obrigado - murmurei andando até ao banco que estava mesmo em frente ao rio.

- Não tens de agradecer. - disse ao Riley com um pequeno sorriso e sentei-me no banco, puxando as pernas para cima de seguida para cruzar as mesmas à chinês. Fiquei a olhar para o rio e dei um pequeno salto quando ouvi o meu telemóvel a fazer o barulho de mensagem mas ignorei. Estava ali com o Riley para o tentar acalmar, era isso que interessava agora - Quando é que vais ver os teus pais e a tua irmã? - perguntei com um sorriso para ver se mudávamos de assunto.

Olhei para o rio e depois para Charlotte por causa do telemóvel que tinha tocado - não faz mal se mandares uma mensagem, acho que não vou andar à chapada contigo por causa disso - sorri um bocadinho mas foi por pouco tempo encostando-me logo ao banco de braços cruzados. Encolhi os ombros - não sei. - murmurei - eles nem meus pais verdadeiros são - olhei para ela - devo ser um falhado qualquer desde que nasci.

Olhei para a minha mala onde estava o meu telemóvel e encolhi os ombros com um sorriso por causa do que o Riley disse - Não faz mal, não me apetece responder. - nem sabia de quem era mas não interessava. Olhei para ele de olhos semicerrados e dei-lhe um encontrão com um dos meus ombros - Não sejas parvo, os teus adoram-te e isso dos pais verdadeiros ou falsos é uma treta. Eles são teus pais e tu és o filho deles. - deitei a cabeça no ombro dele - Não sejas parvo.

Olhei-a quando me empurrou e encolhi os ombros - eu sei - disse, eu amava os meus pais como se eles fossem verdadeiros, eu sabia que eles me queriam e que apesar de agora eles terem conseguido o bebé que queriam, graças aos avanços da tecnologia, isso não mudava nada. - Mas não consigo deixar de pensar porque é os meus pais biológicos me abandonaram - olhei-a e encolhi os ombros com uma careta- esquece, nem vale a pena falar nisso.

Suspirei com o que ele disse e assenti com a cabeça. Podia não ter sido abandonada pelos meus pais biológicos e adotada como o Riley mas sabia um bocadinho do que era ser abandonada pelos pais, um deles pelo menos - Estamos aqui para ficares melhor, não é pior. - disse dando-lhe outro pequeno encontrão com o ombro - Por isso, o que é que vamos fazer para te distrair? - perguntei alto enquanto pensava em alguma coisa.

Encolhi os ombros quando disse que não estava ali para ficar pior e brinquei com uma pedra que estava debaixo do meu pé. Olhei para Charlotte quando ela me perguntou o que é que podiamos fazer para me distrair e beijei-a durante apenas uns segundos olhando-a depois - podes mimar-me um bocadinho, acho que isso basta - sorri um bocadinho.

Sorri com o que o Riley disse e agarrei na cabeça dele, deitando a mesma no meu ombro e fiquei a fazer-lhe festinhas no cabelo - Pronto, os teus desejos são ordens. - encostei a minha cabeça à dele e fiquei a olhar para o rio que se encontrava à nossa frente - Pode ser que com os meus mimos tu fiques bem. - agarrei numa das mãos do Riley e fiquei a dar festinhas na mesma.

Encostei a cabeça à dela, que estava encostada ao meu ombro, e fechei os olhos sentindo os seus dedos a darem festinhas às minhas mãos. Abracei-a com um braço por cima dos seus ombros e fechei os olhos. Mesmo sabendo que tinha acabado com ela e que agora nem relacionamento falso tinhamos, eu precisava mesmo de estar assim com ela. - O que é que mimos não resolvem? - perguntei com um meio sorriso.

Cheguei-me mais para o Riley assim que senti o braço dele à minha volta e dei-lhe um beijinho na bochecha antes de voltar a deitar a minha cabeça no ombro dele e ficar a olhar para o rio - Tens razão. - ainda bem que o tinha conseguido tirar da universidade porque ele agora já estava bastante mais calmo - Por isso mesmo é que te vou dar mimos para ver se fica tudo resolvido. - disse com um pequeno sorriso.

Fechei os olhos abraçando-me à sua cintura quando disse que me ia dar mimos e fiquei assim durante algum tempo. Estava a tentar afastar o pensamento de que agora já não fazia parte da equipa, mas era tudo tão estranho e ainda por cima, era tudo tão recente, eu devia ter visto os sinais - Eu não sei o que aconteceu - murmurei - ele de uma hora para a outra começou a dizer que eu estava a perder qualidades - sentei-me mais direito.- e agora estou fora.

Suspirei quando o Riley voltou a falar na equipa e como ele se tinha afastado ligeiramente de mim, agarrei no braço dele e fiquei a passar a pontinha dos dedos no mesmo - Tens de falar com ele, esclarecer tudo. - mordi o lábio inferior enquanto olhava para o rio antes de voltar a olhar para o Riley. Eu não queria falar disto porque não era médica nenhuma e nem tinha a certeza mas o Riley parecia bastante bipolar e esse também podia ser um problema - Primeiro têm de falar e depois é que podes pensar no que fazer.

Nunca tinha planeado ser o capitão da equipa, eu ficava contente só de ser um jogador normal, ele podia ter-me tirado apenas do lugar de capitão, mas não. Assenti com a cabeça olhando para ela de novo. - Vem comigo ver a minha família - pedi, por enquanto não queria falar com o meu treinador, precisava de estar com alguém que realmente gostasse de mim, porque estava visto que os meus amigos, não eram realmente meus amigos.

Continuei a olhar para o Riley e sorri com a pergunta dele, assentindo com a cabeça - Claro que sim. - nunca tinha estado muito com a família do Riley mas já tinha estado quando estávamos a fazer de falsos namorados e tinha gostado bastante deles, especialmente da irmã dele que ainda era uma bebé - Queres ir agora? - perguntei de sobrancelhas juntas sem saber se o pedido dele de ir ver a família era para agora ou não.

Sorri quando ela aceitou e olhei para as horas para saber se ainda ia a tempo hoje - sim, a esta hora a minha mãe ainda não está em casa, mas assim aparecemos antes que ela comece o jantar - levantei-me e puxei-a para que viesse comigo até ao colégio para irmos no meu carro até lá. - A minha mãe adora-te. Acho que se ela soubesse que era tudo falso tinha um ataque.

Levantei-me do banco e caminhei ao lado do Riley de volta para a universidade. Entrei no carro dele e coloquei logo o cinto de segurança, rindo-me com o que ele disse apesar de não ter piada nenhuma - Não te preocupes, podemos dizer-lhe que ainda estamos juntos. - disse-lhe com um encolher de ombros. Tínhamos estado a beijar-nos e a tomar banhos juntos, que mal fazia dizer que ainda éramos namorados quando nunca o tínhamos sido? Pelo menos a sério.

Encolhi os ombros - mesmo que não lhe dissesse nada ela não ia perceber, só de te ver comigo ela fica feliz - liguei o carro e endireitei-me - eu nunca andei com muito boa companhia - expliquei - por isso ela fica feliz por me ver com uma pessoa que ela confia. - olhei para Charlotte por uns segundos sorrindo um bocado.

- Ainda bem. - disse com um sorriso enquanto olhava pela janela. Eu gostava da família dele e já tinha mentido sobre namorar com ele por isso agora não me sentia muito mal por mentir e dizer que ainda namorava com ele. Voltei a olhar para o Riley e dei-lhe um soco sem força no braço - Anda lá, tenho saudades da tua irmã que já deve estar gigante. - disse com um sorriso e semicerrei-lhe os olhos - E podemos fingir que namoramos mas beijos, são só daqueles de toque, nada de te pores com a língua. - disse de queixo levantado.

Sorri quando falou da minha irmã - a minha mãe já me enviou fotos, ela diz Ri - disse com um sorriso todo orgulhoso - foi a segunda palavra dela - sorri tentando ficar concentrando na estrada que estava deserta. - Oh vá lá, tu não gostas desses beijos vindo de mim - disse para a provocar, olhando-a de lado com um sorriso.

- Aww. - disse toda derretida e comecei logo a sorrir - Vou ensiná-la a dizer Char. - disse com um sorriso todo orgulhoso mas desviei logo o olhar para o Riley, semicerrando-lhe os olhos com o que ele disse - Cala-te. - belisquei-lhe uma bochecha e apenas fiz isso porque ele estava a conduzir e não o queria desconcentrar e provocar um acidente ou algo do género - Tu é que adoras esses meus beijos, eu sei.

-Char é muito complicado, mas não te preocupes eu já estou quase a ensina-la a dizer Lotte - ri-me levemente e fiz uma careta com o seu beliscão - eu gosto - disse com um encolher de ombros - não vou mentir - olhei-a e percebi que estavamos longe de casa. Estava com saudades, não os via quase há um mês e a minha casa não ficava assim tão longe da universidade.

Revirei os olhos com o que o Riley disse só para me provocar e mostrei-lhe um pirete - Então ensino-a a dizer Cha. Sempre é melhor que Lotte. - mordi o interior da bochecha quando ele disse que gostava e que não ia mentir e voltei a beliscar-lhe a bochecha - Mesmo assim, não te aproveites. Mesmo que fossemos namorados a sério, não me ia pôr a beijar-te como se não houvesse amanhã à frente dos teus pais. - disse com um meio sorriso antes de olhar novamente pela janela.

-Só te chamo Lotte para te irritar - disse com um encolher de ombros - já devias estar habituada, quando parares de te chatear eu paro de te chamar - olhei-a por uns segundos - e depois voltou a encontrar outro nome que te irrite - ri-me. Encostei o carro quando chegámos a casa dos meus pais e olhei para Charlotte beijando-a quando a apanhei desprevinida - não precisas de me beijar com eles a verem se não quiseres.