Quarto do Luke Cohen e Peter Windor

Eu não sei se era suposto ou não, mas, assim que o ouvi dizer que não precisava de ter uma namorada para andar de mãos dadas com alguém, eu tive de controlar o meu instinto de afastar a minha mão da sua. Não conseguia explicar, não era que estivesse apaixonada por ele, mas, mesmo assim, aquilo que disse incomodara-me de alguma forma. Mordisquei a parte de dentro da minha bochecha, mantendo a minha postura normal e olhei-o como se nada fosse, assentindo às coisas que ia dizendo. Nós éramos amigos, certo? Não havia motivo algum para eu ficar mal com ele só pelo que tinha dito, até porque eu sabia que não tinha sido com o intuito de me magoar ou assim, eu é que era parva. Levantei o olhar para os seus olhos assim que a sua voz saiu meio tremida, por estar tão hesitante e abanei a cabeça, atrevendo-me a apertar-lhe a mão, mesmo depois de termos parado.
- Tem calma.- murmurei, ainda a olhá-lo.- eu percebi o que quiseste dizer.- encolhi os ombros.- não precisas de estar assim nem de te preocupar.- voltei a mordiscar a minha bochecha.- eu sou só tua amiga e prometo que isto..- levantei as nossas mãos unidas.- não vai afastar nenhuma pretendente que venhas a ter.- se continuasse a morder-me com aquela força toda o mais provável era colocar a minha bochecha a sangrar.- está tudo bem, respira fundo.

Suspirei quando ela me apertou também a mim a mão e olhei-a. Não estava habituado a ser normal, quer dizer, a andar sozinho sem alguém ao meu lado a dizer-me como me comportar ou o que dizer. Depois ficava assim, ou não conseguia dizer nada daquilo que sentia ou dizia demais. Sorri por pensar que ela estava mesmo a perceber o que eu tinha dito mas logo me desfiz dele - eu não posso ter nenhuma pretendente por enquanto, por isso... - baixei o olhar para o chão e voltei a começar a andar antes que ficasse tarde.

Eu não conseguia perceber o porquê de ter reagido daquela forma, eu sabia que éramos só amigos e sabia que era quase impossível virmos a ser mais do que isso, apesar de já nos termos beijado. A vida dele era demasiado complicada para que lhe fosse permitido estar com alguém, mesmo que ele tentasse ser normal. E eu, eu só tinha de compreender isso. Virei o olhar para ele assim que o ouvi falar e acabei por afastar os meus dentes da minha bochecha, suspirando baixinho. Eu não queria que ele tivesse ficado assim, eu percebia-o, dentro dos possíveis.
- Ei, espera.- murmurei, o suficientemente alto para que ouvisse e fui depois atrás dele, voltando a agarrar na sua mão quando o alcancei.- podes não poder ter pretendentes, mas podes ter uma amiga.- encolhi os ombros.- e eu vou estar contigo independentemente do que escrevam.- sorri ao de leve.- agora anima-te ou o piquenique perde a piada.

Olhei para trás quando ela pediu para esperar e agarrei-lhe na mão quando ela voltou a agarrar na minha. Sorri-lhe dando-lhe festinhas na mão - espero que te lembres sempre do que estás a dizer agora - disse - porque acredita que se alguém estiver por aí agora, as coisas não vão ser bonitas. - eu nem estava a falar do que estava a ser escrito, estava mais a falar dos meus pais e do que eles iam dizer. Assenti olhando o fundo da rua e vi que estávamos perto da praia - vamos.

Sorri ao sentir as suas festinhas na minha mão, voltando a encostar-me ao seu braço e só levantei o olhar para ele assim que o ouvi falar.
- Estás a olhar bem para a minha cara, não estás? - sorri-lhe.- não te pareço preocupada pois não? - encolhi os ombros.- eu não vou deixar de ser tua amiga por mais coisas que escrevam, tu pediste-me que te ajudasse a ser normal, não foi? - não deixei que respondesse.- as pessoas ''normais''..- fiz aspas com os dedos para que não pensasse que lhe estava a chamar nomes ou assim.- não deixam de ser amigas dos seus amigos só pelo que dizem deles.- coloquei-me em biquinhos dos pés para lhe conseguir beijar a bochecha.- por isso, não te preocupes.- puxei-o para que começássemos a andar mais depressa, visto que já se conseguia sentir o cheirinho a maresia no ar.

Não consegui evitar rir quando ela disse "pessoas normais" e assenti com a cabeça - eu também não deixo de ser amigo de uma pessoa pelo que dizem - sorri-lhe e quando me puxou para andar mais depressa comecei a descer as escadas da passadeira até à areia. Sorri tirando os meus ténis quando consegui e olhei em volta, procurando um sítio recatado - pode ser ali? - perguntei apontando para uma das dunas que pareciam ser mais confortáveis.

Sorri-lhe, continuando a andar toda encostada a ele até à praia e, assim que começámos a descer as escadas de madeira que davam acesso à mesma, não consegui desviar o meu olhar do mar. Não me lembrava da última vez que tinha estado na praia, mas a verdade era que sempre gostara, e muito. Tive de largar a mão de Peter, apenas para me conseguir descalçar e olhei-o depois, olhando para o sítio para onde apontava, já com as minhas sapatilhas na mão.
- Pode.- assenti.- pode ser onde quiseres.- disse com um sorriso e comecei a andar pela areia até lá, deliciando-me com a sensação da mesma por entre os meus dedos.

Não estava muito habituado a ir à praia, a não ser nas férias, quando eram num sítio em que havia, mas gostava bastante. Gostava do cheiro, da areia e do mar, a combinação toda. Sorri levemente quando aquele cheirinho a maresia nos atravessou e, depois de me descalçar, voltei a agarrar na mão de Bri e dei uma corrida até ao sítio em que tínhamos estado. - Vamos começar, estou cheio de fome - disse estendendo a toalha, minimamente bem.

Arregalei ligeiramente os olhos quando Peter começou a correr de repente, fazendo-me agarrar bem no saco das compras e tentar não tropeçar em nenhuma pedra enquanto o acompanha ou, pelo menos, tentava.
- Isso é que é mesmo fome.- disse, antes de o ouvir dizer o mesmo e ri-me baixinho, começando logo a pousar a comida em cima da toalha depois de ele a ter estendido. Abri as embalagens, pousando-as junto do pão e depois sentei-me, cruzando as pernas à chinês.- vá senta-te esfomeado.- olhei-o, dirigindo-lhe um sorrisinho e depois bati no chão, ao meu lado, para que se sentasse.

Para além da fome estava empolgado. Sentia-me uma criança que ia fazer este tipo de coisas pela primeira vez. Coisas vulgares como comer batatas fritas de um pacote. Bem... eu nunca tinha comido batatas fritas de maneira nenhuma, mas o aspecto era bastante bom. Agarrei num monte levando uma a uma à boca e comecei a aperceber-me que aquilo era uma droga - és má influencia, já viste a comida que me estás a dar? - perguntei com um sorriso aproximando-me mais dela para termos mais espaço para a comida e para... para estar mais perto.

Estiquei-me até à saca dos croissants, tirando de lá de dentro um, colocando uma fatia de fiambre no meio, e dei-lhe logo uma trinca, sorrindo enquanto olhava para o mar. Quando era pequena, quando a minha irmã ainda era viva, costumávamos fazer muitos piqueniques na praia, com os nossos pais. Por isso, este dia estava a ser algo nostálgico. Desviei o olhar para Peter, assim que o ouvi falar e ri-me baixinho, esticando uma mão até lhe roubar uma batata frita das mãos.
- É bom não é? - sorri marota.- nem precisas de responder, tendo em conta a forma como as estás a comer.- pisquei-lhe o olho.- por isso, podes admitir que sou uma óptima companhia, a melhor que podias ter arranjado.- disse, mordiscando o lábio assim que se aproximou de mim, mas logo sorri, esticando-me até lhe beijar a bochecha. Escusado será dizer que não precisei de me esticar muito.

Olhei para Bri vendo-a retirar uma batata frita das mãos e assim rapidamente à sua pergunta. - É tipo comida dos deuses - ri-me fazendo o mesmo que ela, um croissant com um bocado de fiambre, mas logo fiz uma careta, colocando o fiambre numa saca para o lixo e substituindo por queijo. - És uma péssima influência - voltei a repetir rindo e virei a cara para a olhar recebendo um beijo no canto dos lábios.

- Claro que é, eu só te dou coisas boas para comer.- empinei ligeiramente o nariz, com um sorriso todo espertinho e dei uma outra dentada no meu croissant, pousando-o depois em cima da toalha enquanto olhava em volta. Estava feliz por o ter conhecido e estava feliz por estarmos ali, só os dois. Voltei depois a olhar para Peter, rindo-me ao perceber que não gostava lá muito de fiambre e tentei anotar isso mentalmente, para já saber o que fazer para a próxima. Juntei ligeiramente as sobrancelhas assim que, depois de lhe ter dado o beijinho, ter percebido em que sítio calhara e subi o olhar para o seu, tossicando antes de falar.- desculpa, não era suposto..- mordisquei o lábio inferior, sentindo o meu olhar descer até aos seus lábios, mas logo abanei a cabeça, engolindo em seco. Eu estava maluca, só podia.

Olhei para os seus lábios depois de ela se afastar um pouco e mordi o interior da bochecha, ligeiramente nervoso com as coisas que me apetecia fazer-lhe. Ia afastar-me um bocado depois de tê-la visto abanar a cabeça, mas não o fiz, apenas agarrei-lhe na bochecha, fazendo com que voltasse a olhar-me e aproximei-me para a beijar, beijar nos lábios. -Não quero saber se é errado - murmurei com os lábios juntos dos dela - porque sabe tão bem. - não ia saber bem era uma chapada na minha bochecha Real.

Era verdade que não nos conhecíamos há muito tempo, e também era verdade que eu sabia muito pouco sobre ele para além do facto de ser um príncipe em busca de uma vida normal, mas a verdade também era que, quanto mais o conhecia e quanto mais tempo passava com ele, mais vontade tinha de fazer o que estava prestes a fazer. Eu não sabia o que era, mas havia algo nos seus lábios que me era quase impossível de resistir, motivo pelo qual mesmo quando me tentei afastar, o meu olhar continuou preso na sua boca. Eu estava maluca, era certo, mas no fundo, eu gostava de estar assim. Juntei as sobrancelhas, assim que senti a sua mão na minha bochecha e dos seus lábios o meu olhar subiu para os seus olhos, que rapidamente se fecharam quando a sua boca veio parar à minha. Suspirei baixinho, sentindo a minha respiração acelerar assim que comecei a corresponder ao seu beijo e não consegui pensar em rigorosamente mais nada sem ser em chegar-me ainda mais para ele e rodear o seu pescoço com os meus braços, de forma a conseguir beijá-lo melhor.

Não era a primeira vez que isto acontecia, já tinha acontecido quando eu estava extremamente bêbado, mais precisamente há duas noites atrás, e também depois disso. Era óbvio que não estava apaixonado por ela, ou algo do género, conhecia-a há demasiado pouco tempo para que isso acontecesse, mas atração existia, e muita. Quando olhava para ela tudo o que eu pensava era em agarra-la, beija-la e... e.
Agarrei-a pela cintura, para que aproximasse mais de mim e intensifiquei o beijo, mas fui obrigado a parar quando ouvi alguém a clarear a garganta. Afastei os nossos lábios lentamente, olhando para o segurança gigante que estava atrás de nós.
-Peço imensa desculpa, mas... eu achei melhor lembra-lo que a impressa está entre nós e... - ele hesitou devido ao olhar fulminante que eu lhe estava a mostrar.
-Vai-te embora, Fern - mandei chateado e ele lá foi. Suspirei levantando o olhar para Bri e sorri-lhe ligeiramente estendendo-lhe o pacote de batatas fritas.

Bem, eu apaixonada não estava, pois não? Eu não sentia aquelas borboletas na barriga de que toda a gente falava, pelo menos por enquanto. A única coisa que eu sentia era uma enorme vontade de saltar para cima dele, por muito que isto soasse mal, e enchê-lo de beijos. Não sabia o que isto era, ainda para mais se nos conhecíamos há tão pouco tempo, mas era uma coisa, porque eu pelo menos gostava bastante dos seus beijos. Sorri contra os seus lábios, tanto pelos meus pensamentos como por causa de o ter sentido puxar-me mais para junto dele, e subi as minhas mãos até ao seu cabelo, ficando a passar as pontinhas dos dedos pelo mesmo enquanto o beijava. Coisa que não durou muito tempo, uma vez que, de um momento para outro, um tossicar fez com que a sua boca se separasse da minha. Arregalei ligeiramente os olhos, apercebendo-me de que me tinha esquecido de que não estávamos sozinhos e assim que olhei para trás, para o segurança que nos olhava, acabei por me afastar de Peter, voltando à minha posição inicial. Não conseguia acreditar que tínhamos acabado de fazer aquilo com pessoas a olhar para nós. Mordi o meu lábio inferior com força, sentindo as minhas bochechas aquecerem e abanei a cabeça, só voltando a erguê-la assim que vi, pelo canto do olho, Peter esticar o saco das batatas para mim. Endireitei-me, esticando-me até tirar algumas e levei uma à boca, sempre a olhá-lo.
- Desculpa.- murmurei baixinho, para o gigante não ouvir.- eu não queria arranjar-te problemas.

Sorri-lhe com um encolher de ombros e pousei o pacote de batatas fritas no chão, colocando os braços para trás de modo a ficar meio deitado a olhar para o mar, tendo Bri no meu plano de visão. - Não tens que pedir desculpa, fui eu que te beijei - disse - porque eu gosto. - dei por mim a fazer um sorriso safado e acabei mesmo por rir. - Não me arranjas problemas por causa disto. Os meus pais é que regrediram um século na história, ou mais, mas vai ter que mudar porque quando encontrar o meu irmão ele não vai querer casar com uma pessoa escolhida por eles.

Comi as duas últimas batatas que ainda tinha na mão, olhando pelo canto do olho para Peter e decidi continuar ligeiramente afastada, mantendo uma distância de segurança. Não era que quisesse estar assim, mas já tinha percebido que, para além dos possíveis jornalistas, o seu segurança também nos estava a observar. Tinha de admitir que preferia quando estávamos mais juntinhos mas como já tinha dito, tudo o que menos queria era arranjar-lhe problemas. Olhei-o pelo canto do olhos, ao mesmo tempo que flectia os meus joelhos, de modo a pousar o queixo sobre os mesmo e foi impossível não me rir face ao seu sorriso maroto.
- Fico contente por gostares, pelo menos assim sei que não sou a única.- encolhi ligeiramente os ombros, desviando depois o meu olhar para o mar e permaneci assim mesmo depois de o ouvir continuar a falar.- e tu vais? - perguntei, referindo-me ao facto de os seus pais quererem escolher, tanto para ele como para o seu irmão, a pessoa com quem iriam casar.- também vais deixar que eles escolham por ti?

Desviei o olhar do mar para Bri quando ela me perguntou se ia deixar que eles decidissem com que me casar. A verdade é que não sabia. E se a mulher que eles escolhessem para minha mulher fosse melhor do que qualquer outra que eu gostasse?
-Não sei - respondi olhando-a. Era difícil responder àquela pergunta. - É complicado pensar, mas eu fui educado assim, sempre soube o que eles iam fazer - encolhi os ombros - continuo a não gostar disso. Eu sou uma pessoa normal, apesar de tudo, eu amo, odeio e sinto desejo. Não sei se vou sentir alguma dessas coisas por uma pessoa que eles escolham, mas sei que eles só mudaram radicalmente a nossa família, por causa, de não confiarem nas pessoas, por causa do meu irmão ter desaparecido e de ter medo que aconteça algo de mau por causa de uma pessoa de fora. - sorri sem vontade, em parte era compreensível. - quanto ao meu irmão, ele provavelmente foi educado por pessoas simples, é um rapaz normal e não vai aceitar nada. Eu não aceitava - voltei a olha-la com um sorriso mais animado - mas não quero pensar nisso.

Assim que senti o olhar de Peter posto em mim, acabei por olhá-lo também, percebendo que ia responder à minha pergunta. Coloquei-me de lado, de forma a ficar mais ou menos de frente para ele e mantive os joelhos juntos ao peito, ficando na mesma posição enquanto o ouvia falar. Por um lado, eu percebia que para ele fosse difícil ir contra os ideias da família, ainda para mais tendo eles o papel importante que tinham, mas por outro, era estranho aceitar que alguém escolhesse a pessoa com quem a outra ia casar e, provavelmente, ficar para o resto da vida. De qualquer das formas, a única coisa que eu queria era meter-me no meio das coisas deles, por isso mesmo, limitei-me a assentir a tudo o que disse.
- Anda molhar os pés comigo.- pedi, assim que me disse que não queria pensar mais naquele assunto.- eu prometo que voltamos logo, nem vamos ter tempo de ser fotografados. - pisquei os olhos, rindo-me baixinho ao perceber que, mais uma vez, estava a fazer figuras.- vens?

Desviei o olhar da comida para o de Bri quando me pediu para ir molhar os pés com ela. Não sabia se era muito boa ideia, mas queria tanto fazê-lo que me descalcei de imediato e retirei as calças para não as molhar. Não queria saber se ia aparecer ou não nas revistas, já estava lixado com a minha mãe por estar ali de qualquer das maneiras. - Vou, os teus olhos conquistaram-me - brinquei com um sorriso e agarrei na sua mão, levantando-nos aos dois.

Eu sabia que tínhamos que ser discretos e que o facto de nos termos beijado ali à frente de tudo e todos já tinha sido demasiado perigoso mas, tal como tinha acabado de dizer, eu só queria molhar os pés, muito rapidamente. Fiquei a olhar muito atenta para Peter, à espera da sua resposta e, assim que ma deu, eu bati palminhas. Descalcei apenas os meus sapatos, visto que estava de vestido e assim que voltei a levantar o olhar, já Peter estava de pé e...sem calças. Mordisquei o meu lábio inferior de forma discreta, sentindo-me ficar com uma espécie de calor muito estranho, mas decidi ignorar isso para conseguir agarrar na sua mão. Ajeitei o vestido, sorrindo ao de leve com o que disse e pisquei-lhe o olho.
- É, os meus olhos são como eu, cativam qualquer pessoa.- brinquei, olhando para cima do ombro para o seu segurança.- eu acho que é melhor irmos antes que alguém nos proíba.- disse, com uma pequena careta, começando a puxá-lo.

Quando já estava de pé, mas ainda no mesmo sítio do piquenique, olhei para trás, para o sítio onde estava os meus seguranças e a suposta imprensa, depois olhei Bri e não contive um sorriso. Não estava a fazer nada de mal, eu ainda era uma pessoa, apesar de príncipe. Estava a começar a andar, ainda perdido nos meus pensamentos, quando Bri me começou a puxar pela mão, fazendo-me quase correr por estar tão distraído..- podia mandar cortar-te a cabeça por seres tão bruta - gozei com ela já perto do mar, arrepiando-me todo quando uma onda maior fez com que a água e a espuma viessem molhar os nossos pés.

Eu gostava tanto da praia e da sensação de calma que o mar me proporcionava que, por mim, passava ali a vida. Continuei a puxá-lo, dirigindo um pequeno sorrisinho ao segurança, antes de me afastar dele, e só voltei a olhar para Peter assim que o ouvi falar. Levantei ligeiramente as sobrancelhas, fingindo um ar muito chocado e levei uma mão até ao peito para tornar tudo ainda mais credível.
- Não eras capaz de fazer uma coisa dessas princesa, sou demasiado bonita para isso.- semicerrei-lhe os olhos, com um maroto e aproximei-me mais dele para lhe falar ao ouvido.- até porque depois, quem é que te dava beijinhos? - pisquei-lhe o olho, rindo-me baixinho e assim que senti o fresquinho do mar nos meus pés, desviei o olhar para o mesmo, fechando os olhos enquanto me deixava desfrutar da sensação.